O SAUDOSO CINE YPIRANGA NA RUA MELO VIANA
Onde havia um comércio e troca de revistas em quadrinhos
entre diletantes desta literatura
Capela dos Morrinhos
A Rua Melo Viana e suas atrações
O nome da rua teve origem em 1930, dado ao atentado, que teve como vítima, o então vice-presidente da República, Melo Viana, que aqui tombou baleado, batizando com sangue a via pública.
Artéria principal e símbolo do bairro Morrinhos, alma de capoeira, de samba, de malevolência, de sobrevivência e de malandragem.
O point era o bar Destak, ou bar de dona Linda, na confluência com a Rua Corrêa Machado. À sua porta reuniam-se a galera do morro, os capoeiras, os malandros e os sambistas, profissionais liberais, gente para dois dedos de prosa e mesmo a turma que rodava na pesada, tinha livre trânsito por aqui!
Considerando a via em sua extensão, de extremo a extremo, no começo, o bar de João da Hora, local de valentes. A seguir, o carteado do Hotel de Pedro Nu, o Bandeira 2, bar diuturno, escola de malandragem, quartel general de 1.7.1. Damas da noite, gente do beco e cavaleiros das sombras.
Pano verde de fichas, de tacos, de caçapas. Cobras, agás, otacílios e patos barrufados.
Transposta a via férrea, marco divisor do centro da cidade com o bairro Morrinhos, o Bardonato, com excelente tira-gosto e malandros escolados de plantão e grana emprestada a juros.
O gelado Caldo de Cana do Jason, a serraria do construtor Levi Pimenta, o salão dos Macaúbas, onde Zezinho barbeiro aprendeu a aplicar agamenon de sofredor. O café de Jorge, o taciturno, o homem que ganhou três vezes o primeiro prêmio da loteria federal e vende cafezinho requentado.
Na esquina, o bar do Amélio, onde o Negão Torresmo quebrava tudo, ele consertava, o Negão quebrava novamente. A galinha caipira no molho do bar do Cícero, o Destak de dona Linda, sede da Escola de Samba Destak. No balcão, Haroldo, Betim, e Zeca.
O gongá de dona Zefíra, suas magias e a carpintaria de seu Ernesto Zangado, sempre pronto a dar uma bengalada em quem o importunasse. Tem a sapataria e estúdio fotográfico do Var.
O salão Ruas, da família do saudoso Tone Barbeiro, a serralheria do seu Bil, o armarinho de dona Olindina com o gabinete dentário de Antonio Souza que anestesiava os pacientes com reza brava. O gongá de Belmira Rezadeira com suas benzeções e contra-mandingas e a bola de cristal de dona Lozinha.
O armarinho de dona Zó, seus parceiros de carteado e no alto da rua o cabaré de Pedrelina, os terrenos de Cizino o barraco de Manoel Quatrocentos, o homem da ferrada. A caixa dágua da cidade e a igrejinha colonial.
Resta esclarecer que as famílias tradicionais do morro, são ordeiras e estão por aqui a mais de setenta anos. A malandragem é obra dos estranhos que migraram, notadamente após o prefeito Toninho Rebello ter trazido nos anos 70, por força dos seus ofícios, as casas de tolerância do centro, para as nossas ruas.
Por aqui passaram blocos caricatos: o Feijão Maravilha, o Hong Kong do Negão Torresmo, a Escola Destak e a exótica gangue do Desaba. Assim como os freqüentadores das noites de luxúria do Cabaré de Zé Coco.
Perto, a funerária da família Beirão, quartel general da Boneca de Leonel.
Em 1970, o alcaide Toninho Rebello construiu o Mercado Municipal Sul, em 1978 o empresário Paulo Narciso instalou a Rádio São Francisco de Assis, 93 e 98 FM e logo veio a Intertv concessionária do canal 4.
O “boom” era o PF no bar do Haroldo, no Mercado Sul, o sortido do saudoso mestre Leopoldo já aos noventa anos de idade, o tira-gosto de Zeca, com o seu samba de mesa e serestas românticas. Escutar a percussão de Roy e tomar uma cachaça curraleira.
Atualmente a moderna padaria Sabor Caseiro, com um sortimento de delícias ao seu paladar, o bares de Vinin e João com a cerveja gelada nos fins de semana e o estúdio de Marquinho do Destak, sede da turma G4
FONTE : Montesclaros.com
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