domingo, 22 de maio de 2011

RUA MELO VIANA - MONTES CLAROS



O SAUDOSO CINE YPIRANGA NA RUA MELO VIANA

Onde havia um comércio e troca de revistas em quadrinhos
entre diletantes desta literatura




Capela dos Morrinhos 



A Rua Melo Viana e suas atrações



O nome da rua teve origem em 1930, dado ao atentado, que teve como vítima, o então vice-presidente da República, Melo Viana, que aqui tombou baleado, batizando com sangue a via pública.

Artéria principal e símbolo do bairro Morrinhos, alma de capoeira, de samba, de malevolência, de sobrevivência e de malandragem.

O point era o bar Destak, ou bar de dona Linda, na confluência com a Rua Corrêa Machado. À sua porta reuniam-se a galera do morro, os capoeiras, os malandros e os sambistas, profissionais liberais, gente para dois dedos de prosa e mesmo a turma que rodava na pesada, tinha livre trânsito por aqui!

Considerando a via em sua extensão, de extremo a extremo, no começo, o bar de João da Hora, local de valentes. A seguir, o carteado do Hotel de Pedro Nu, o Bandeira 2, bar diuturno, escola de malandragem, quartel general de 1.7.1. Damas da noite, gente do beco e cavaleiros das sombras.

Pano verde de fichas, de tacos, de caçapas. Cobras, agás, otacílios e patos barrufados.

Transposta a via férrea, marco divisor do centro da cidade com o bairro Morrinhos, o Bardonato, com excelente tira-gosto e malandros escolados de plantão e grana emprestada a juros.

O gelado Caldo de Cana do Jason, a serraria do construtor Levi Pimenta, o salão dos Macaúbas, onde Zezinho barbeiro aprendeu a aplicar agamenon de sofredor. O café de Jorge, o taciturno, o homem que ganhou três vezes o primeiro prêmio da loteria federal e vende cafezinho requentado.

Na esquina, o bar do Amélio, onde o Negão Torresmo quebrava tudo, ele consertava, o Negão quebrava novamente. A galinha caipira no molho do bar do Cícero, o Destak de dona Linda, sede da Escola de Samba Destak. No balcão, Haroldo, Betim, e Zeca.

O gongá de dona Zefíra, suas magias e a carpintaria de seu Ernesto Zangado, sempre pronto a dar uma bengalada em quem o importunasse. Tem a sapataria e estúdio fotográfico do Var.

O salão Ruas, da família do saudoso Tone Barbeiro, a serralheria do seu Bil, o armarinho de dona Olindina com o gabinete dentário de Antonio Souza que anestesiava os pacientes com reza brava. O gongá de Belmira Rezadeira com suas benzeções e contra-mandingas e a bola de cristal de dona Lozinha.

O armarinho de dona Zó, seus parceiros de carteado e no alto da rua o cabaré de Pedrelina, os terrenos de Cizino o barraco de Manoel Quatrocentos, o homem da ferrada. A caixa dágua da cidade e a igrejinha colonial.

Resta esclarecer que as famílias tradicionais do morro, são ordeiras e estão por aqui a mais de setenta anos. A malandragem é obra dos estranhos que migraram, notadamente após o prefeito Toninho Rebello ter trazido nos anos 70, por força dos seus ofícios, as casas de tolerância do centro, para as nossas ruas.

Por aqui passaram blocos caricatos: o Feijão Maravilha, o Hong Kong do Negão Torresmo, a Escola Destak e a exótica gangue do Desaba. Assim como os freqüentadores das noites de luxúria do Cabaré de Zé Coco.

Perto, a funerária da família Beirão, quartel general da Boneca de Leonel.

Em 1970, o alcaide Toninho Rebello construiu o Mercado Municipal Sul, em 1978 o empresário Paulo Narciso instalou a Rádio São Francisco de Assis, 93 e 98 FM e logo veio a Intertv concessionária do canal 4.

O “boom” era o PF no bar do Haroldo, no Mercado Sul, o sortido do saudoso mestre Leopoldo já aos noventa anos de idade, o tira-gosto de Zeca, com o seu samba de mesa e serestas românticas. Escutar a percussão de Roy e tomar uma cachaça curraleira.

Atualmente a moderna padaria Sabor Caseiro, com um sortimento de delícias ao seu paladar, o bares de Vinin e João com a cerveja gelada nos fins de semana e o estúdio de Marquinho do Destak, sede da turma G4





FONTE : Montesclaros.com

raphaelreysmoc@yahoo.com.br





7 comentários:

Andréa Lima disse...

Vivi parte da minha infância lá, minha Avó Dona Justina Sat'Anna da Silva foi uma das primeiras moradoras, como dizia...era tempo dos ferreiros que trabalhavam ali no início do século passado e das procissões de penitências que se dirigiam para o alto cruzeiro dos Morrinhos.Mas o que me dá saudade de lá era a queijadinha da padaria perto do viaduto,das tardes bordando na porta da rua(vendo as "moças" dos cabarés se ajeitando para a noite),da boneca de Leonel que me assombrava durante o carnaval, das missas transmitidas pela TV Montes Claros e dos dias de coroação(quando rolava pelo gramado da Copasa com asa e tudo)...bons tempos esses.

Unknown disse...

Obrigado pelo seu comentário. Fico feliz em ter-lhe remetido a tão ternas lembrançs.

Anônimo disse...

Tambem Vivi minha infancia ai. Incrivelmente ao ler este revivi boa parte destes momentos. Acrescentando; O Quebra-queixo do Mazzaroppi; Charanga do Joao Franga e seu Lormindo. E outro nomes marcantes da nossa epoca. ( Padeka, Carlinho filho de Dona Linda, Nego TO,Adriano, Jorginho, Nosso maior idolo Torresmo, Dale, Danger, ze wilson, Toninho, Fifia, Bodao, Pinga,Bene, Manelito, Askanio,Levizinho,Zeca, Ita Moi e muitos outros, claro nao esquecendo do GRANDE PELE do cine Ypiranga.
Tempos maravilhosos. Obrigada

Giovanne disse...

VC sai do morro mas ele.nunca sai de nós revivi minha infância agora achei esse artigo por acaso e veio lagrimas nos olhos por lembrar de tudo isso e de todos que se foram.e os grandes amigos que tenho la e minha mae e tio e a resenha dos domingos apos a pelada do Cassimiro

wagner disse...

Faltou a Oficina de borrola

wagner disse...

Faltou a Oficina de borrola

Unknown disse...

Lembranças muito boas De todas essas pessoas. Inclusive me lembro de como as crianças brincavam e buscavam serragem na serraria de meu pai BIO. Brincavamos o dia todo e nem viamos o dia passar.Maravilhosas recordações